ESTATISTICAS COMPARATIVAS

 

È do entendimento geral que uma inverdade muitas vezes repetida acaba por se poder vir a tornar numa verdade insofismável.

 

Não se podendo escamotear que a grave crise que tem afectado a economia portuguesa nos últimos anos, teve e têm, obviamente, implicações e consequências nos desportos motorizados, não se poderá, contudo, aceitar que os “arautos da desgraça” continuem a propalar que tudo está mal, que os concorrentes são cada vez menos, que há provas a mais, etc., etc., numa arenga sem fundamento, como se poderá observar nos quadros comparativos anexos.

 

Analisando nesta primeira fase, os Campeonatos e Taças Nacionais de Ralis, Todo o Terreno e OffRoad, através da comparação do número de inscritos em cada uma das provas que compõem esses Campeonatos ou Taças Nacionais nos últimos três anos, facilmente se conclui que:

 

1) A média de inscritos em 2005 (à excepção do Campeonato Nacional de Todo o Terreno e da Taça Nacional de Ralicross) é sempre superior à média registada no ano de 2003;

 

2) A média de inscritos em 2005, se comparada com a média de 2004, é superior em seis das competições analisadas: Campeonato Nacional de Ralis, Campeonato de Ralis dos Açores, Campeonato de Ralis da Madeira, Campeonato Nacional de Ralicross, Campeonato Nacional de Kartcross (com a adição do novo Trofeu Semog) e Campeonato Nacional de Autocross;

 

3) As mesmas médias comparativas entre 2005 e 2004, e quando ainda se faltam disputar provas, apresentam em dois casos (Campeonato Nacional de Clássicos – Ralis e Taça Nacional de Autocross) valores muito próximos;

 

4) Nos mesmos termos comparativos, o Campeonato Nacional de Ralis – Promoção (Asfalto) teve uma média de inscritos de 22 concorrentes, contra os 23,4 verificados em 2004 e os 21,8 registados em 2003;

 

5) Apenas em dois casos (Campeonato Nacional de Todo o Terreno e Taça Nacional de Ralicross) e quando ainda faltam disputar-se duas provas em cada uma destas competições, as médias de inscritos registadas no corrente ano são sensivelmente inferiores às verificadas quer em 2003, quer em 2004.

 

A publicação deste mesmo tipo de análise em relação aos restantes Campeonatos Nacionais aqui não mencionados será efectuada no decorrer da próxima semana.

 

É que a constante propalação de noticias alarmistas, quase sempre sem fundamento, que visam essencialmente e como finalidade tentar “atacar” a entidade federativa, acabam afinal por ter um efeito de “boomerang”, virando-se contra os seus próprios autores.

 

E mais grave do que isso. A imagem falsa que assim se passa para a opinião pública, através do constante distorcer da realidade, acaba afinal por prejudicar seriamente todos aqueles que querem iniciar (ou continuar) a sua carreira desportiva no desporto automóvel, e que quando confrontam potenciais patrocinadores com os seus projectos desportivos futuros, recebem destes uma desagradável manifestação de desinteresse, tendo em conta aquilo que de menos verdadeiro é transmitido à opinião pública.

 

É óbvio que muita coisa há ainda que modificar, para que cada vez mais o desporto automóvel continue a ser preferido pelos Portugueses.

 

Mas não será certamente, e por exemplo, a constante referência saudosista a Portugal ter deixado de receber a F1 e o Mundial de Ralis (e cada uma destas competições deixou de visitar o nosso país por razões totalmente distintas) que fará com que o desporto automóvel nacional atinja automaticamente um patamar superior.

 

Apenas dezassete países recebem a Fórmula 1 e apenas dezasseis o Mundial de Ralis. Talvez porque apenas esses privilegiados tenham capacidade económica de poder dispor de um mínimo de dezoito a vinte milhões de Dólares para receber um Grande Prémio de Fórmula 1 (e isto sem falar nos outros muitos milhões necessários para se dispor de um Circuito novo ou actualizado, que corresponda às exigências actuais da F1) ou de uns seis ou sete milhões de Dólares para ter o Mundial de Ralis.

 

Será que quanto toda a gente fala que temos que ter a F1 ou o Mundial de Ralis em Portugal para que o desporto automóvel progrida, tem consciência dos custos que tal investimento representaria? Será pois bem melhor reflectir seriamente, antes de se “bombardear” leitores ou ouvintes, com pseudo certezas de quem na verdade desconhece em absoluto as matérias sobre as quais se pronuncia.

 

Sejamos conscientes da nossa realidade. Se o Mundial de Ralis até poderá estar quase a “bater-nos” à porta outra vez, a F1 em Portugal não pode ser – por agora – mais do que uma miragem.

 

ESTATISTICAS 2003/2005

 

Comunicado 060/2005-FPAK

Lisboa, 9 de Setembro de 2005