CIRCUITO DA
BOAVISTA
Muito se tem dito e escrito sobre as incidências
verificadas no decorrer do Circuito da Boavista no passado fim-de-semana, sem
que no entanto se tenha salientado o principal.
É do conhecimento geral, que a montagem de um
qualquer circuito urbano é extremamente difícil e implica um planeamento muito
rigoroso por parte das entidades responsáveis pela sua atempada montagem.
E tal como já havia acontecido na edição anterior
do G P Histórico do Porto em 2005, os serviços da Câmara Municipal do Porto
desenvolveram e efectuaram novamente no corrente ano, um trabalho de altíssima
qualidade na montagem de todas as estruturas de segurança da pista, que
mereceram alíás um rasgado elogio por parte do Inspector FIA, Roland
Bruynseraede, que veio ao Porto expressamente na passada 4ª feira (4 de Julho)
efectuar a inspecção final de homologação FIA (Grau 4) do Circuito.
E que após a vistoria completa (efectuada a pé) à
totalidade do circuito, na companhia do membro da Comissão de Circuitos da FIA
e Director Permanente de Corrida do WTCC, Eduardo Freitas e do responsável pela
segurança da prova, António Meneres, bem como dos técnicos da CMP, considerou
haver sido efectuado um trabalho notável em termos de montagem do circuito por
parte da CMP.
Por outro lado, há igualmente que salientar a
excelente apresentação do “Paddock”, que recorde-se era em 2005 quase
totalmente em piso de terra e de dimensões muito mais reduzidas e que apresenta
agora condições excepcionais, não só através do seu piso integralmente
asfaltado bem como de todo o equipamento complementar necessário ás equipas e
organização, com a disponibilização da corrente eléctrica necessária, apoios
sanitários em quantidade suficiente, e uma organização do parqueamento digna de
registo.
Ou seja, em termos práticos e correctos, o
trabalho prévio de preparação e montagem de todo o circuito, não pode merecer
de ninguém o mínimo reparo.
Contudo, há que reconhecer que os circuitos
urbanos têm particularidades que não existem num qualquer autódromo. Porque
nestes, quando se lá chega, já está tudo pronto para ir para a pista e basta
acender a luz verde dos semáforos e tudo pode rolar de imediato.
Num circuito urbano, sobretudo como é o caso do
Circuito da Boavista, há que atender à mobilidade dos cidadãos que residem nas
áreas que a pista atravessa; pelo que e para que esta possa funcionar em
condições de total segurança, há que fechar todos os acessos individuais ás
casas e garagens existentes no percurso, bem como das diferentes travessias de
peões, o mais tarde possível. Não privando assim os residentes da sua
mobilidade, senão quando tal se torna estritamente necessário.
E no caso do Circuito da Boavista, tal
correspondeu ao encerramento na madrugada de 6ª feira, de oitenta diferentes
locais ao longo de todo o circuito.
Por outro lado, e porque não se trata de uma
operação efectuada com frequência, já que a única vez em que tais operações
haviam sido efectuadas ocorreu em 2005, é normal que no primeiro dia exista
ainda alguma descoordenação entre as forças policiais, os serviços auxiliares
de bombeiros e de apoio técnico à pista e a organização da prova.
O que de alguma forma dificultou o acesso pelos
locais previamente definidos para aceder ao interior do circuito, a todos
quantos o deveriam efectuar, atrasando de forma significativa a montagem de
todo o esquema de segurança activa e passiva necessária para que as viaturas de
competição pudessem entrar em pista.
Desnecessário será referir que grande parte das
vias em que se desenrola o circuito da Boavista, são vias de tráfego
normalmente muito intenso, quer durante o dia, quer durante a noite, o que
impediu a montagem antecipada de algumas das estruturas de segurança passiva
(barreiras de pneus, extensão de rails, delimitadores de percurso, etc.)
indispensáveis à realização da prova e que constavam dos termos definidos pela
homologação FIA.
Estruturas essas que só foi possível montar após o
total encerramento ao tráfego normal (por parte das forças policiais) da
totalidade do percurso, permitindo então que as equipas da CMP pudessem
instalar tais dispositivos.
Assim, o atraso de cerca de duas horas com que se
iniciou o programa de treinos de 6ª feira, teve como motivo principal tais
circunstancias e provocou a realização de uma reunião conjunta de todas as
entidades envolvidas, no início da tarde de 6ª feira, onde se acertaram normas
e procedimentos para evitar que tal situação voltasse a ocorrer.
Devido a esse atraso, foi como é óbvio necessário
reduzir ligeiramente a duração de quase todas as catorze diferentes sessões de
treinos previstas para esse dia, adaptando-se consequentemente os respectivos
horários de forma a garantir o cumprimento do programa. Que incluía ainda no
seu final, duas corridas reservadas aos Campeonatos Nacionais de Clássicos – Velocidade.
As quais tiveram o seu início já só com um atraso
de 47 minutos em relação ao horário inicialmente previsto no caso do CNCV 1300
(que cumpriu a totalidade dos 20 minutos de corrida previstos) e um atraso de
cerca de 55 minutos para a corrida do CNCV/TNCV.
Corrida esta que viria contudo a ser interrompida
aos 14 minutos de corrida (estando inicialmente previstos 25 minutos) no
decorrer já da 6ª volta, após um violento acidente na zona de meta, que
destruiu totalmente dois dos muros delimitadores da pista e inutilizou as
células de cronometragem instaladas nesse local.
Tendo-se assim verificado o final do programa de
6ª feira às 20.15, quando pelo programa inicialmente previsto, se deveria ter
terminado às 19.30.
No início do 2º dia de prova (Sábado) e após
alterações efectuadas à “Chicane” imediatamente antes da meta (“Chicane” esta
que já havia estado instalada no mesmo e exacto local, embora com um formato
ligeiramente diferente, no G P Histórico do Porto 2005) com o encurtamento da
sua zona de saída de forma a obrigar a forte travagem e à consequente redução
de velocidade no local, os pilotos da International Formula Master e os seus
Chefes de Equipa, tentaram de alguma forma pressionar a Direcção da Prova para
que esta modificasse de novo o traçado da “Chicane” por considerarem então a
sua “saída” demasiado estreita. O que viria a atrasar novamente o início do
programa de prova em cerca de 1 hora.
Entretanto e iniciado o programa, uma série de
acidentes provocados pela “excessiva fogosidade” de alguns pilotos menos
cuidadosos, provocaram diversas interrupções no programa, necessárias não só
para remover as viaturas acidentadas da pista, mas sobretudo para reparar os
danos consideráveis verificados nas estruturas de segurança passiva
implementadas. O que também incluiu uma nova alteração da “Chicane” antes da
meta, com novo alargamento da sua saída.
Só que no sábado e por força das previstas
transmissões televisivas internacionais em directo, da Corrida 1 da
International Formula Masters e dos treinos cronometrados do WTCC, os horários
destas duas competições teriam que ser integralmente respeitados, pelo que foi
necessário efectuar diversas adaptações ao programa, de forma a respeitar essa
situação.
Por tal motivo, e por exemplo, os treinos
cronometrados do CNV/PTCC, inicialmente previstos para decorrerem entre as
10.15 e as 11.00 horas, tiveram que ser transferidos para um novo horário,
tendo o seu início previsto para as 13.35 h, o que sucedeu. Só que mal haviam
sido iniciados os treinos cronometrados, um violento acidente da primeira
viatura em pista, na zona da Vilarinha, obrigou à sua imediata interrupção e à
consequente reparação dos “jerseys” de betão delimitadores da pista, obrigando
à sua integral substituição; numa operação bastante demorada mas que permitiu
continuar a garantir nesse local a segurança indispensável para todos os
concorrentes.
Tal facto, aliado à condicionante da transmissão
televisiva directa que se seguia dos treinos cronometrados do WTCC, obrigou a nova
alteração do programa de prova, o que implicou por exemplo que os treinos
cronometrados do CNV/PTCC tivessem o seu início apenas às 17.30 horas e a
corrida do Open que se deveria ter iniciado às 13.55, viesse a ter o seu início
apenas às 19.10 h. Ao que se seguiram as segundas corridas dos CNCV 1300 (que
decorreu normal e integralmente) e do CNCV/TNCV.
Que fruto dos atrasos entretanto verificados,
viria a iniciar-se apenas às 21.10, quando no programa da prova estava previsto
o seu início para as 18.20, e que viria a terminar após decorridos os 25
minutos previstos, com nove voltas percorridas, sendo as quatro últimas atrás
do Safety Car por razões de segurança, tendo em consideração a sensível redução
da visibilidade (devido ao anoitecer) em vários pontos do circuito.
No que se refere ao programa de Domingo, e aparte
um ligeiro atraso de 15 minutos no seu início, motivado pela necessidade de
reparação de uma zona degradada do piso junto à rotunda do “Castelo do Queijo”,
todo o programa decorreu dentro do horário previsto, não se tendo aqui
verificado quaisquer acidentes que motivassem a interrupção das corridas, com
excepção da partida da 1ª corrida do CNV/PTCC, em que 20 viaturas se envolveram
numa “carambola” na 2ª curva do circuito bloqueando toda a pista, tendo a
corrida sido suspensa e reiniciada atrás do Safety Car, tal como definem as
regras nacionais em vigor.
Mas tal situação não inibiu que o restante
programa de prova fosse cumprido, já que havia espaço de tempo suficiente entre
cada corrida para colmatar eventuais atrasos.
Como esclarecimento adicional e para quem não
saiba, um evento como este, que integra um Campeonato do Mundo FIA (WTCC), tem
sempre na sua estrutura organizativa as seguintes entidades:
Promotor do
Campeonato WTCC – neste
caso a KSO
Promotor
(local) da prova – neste
caso, a Talento em colaboração com a C M do Porto
Autoridade
Desportiva Internacional – FIA
Autoridade
Desportiva Nacional – neste
caso a FPAK
Entidade
Organizadora (em termos desportivos) – neste caso, o ACP em colaboração com a ACDME, que por sua vez recebeu
o apoio de outros Clubes (Clube Automóvel do Minho, Movimento Sport Clube,
Nordeste Automóvel Clube e Vitoria Futebol Clube) através da cedência dos seus
Comissários de Pista e de Parques, tendo ainda em pista um grupo de Comissários
franceses oriundos dos circuitos de Pau e Mónaco.
Porque importa repor a verdade dos factos, o
horário de prova foi integralmente definido pela KSO (Promotora internacional
do evento principal) depois de consultar a FPAK, que propôs algumas
modificações que foram aceites pela KSO.
Tendo a estrutura desportiva da prova (ACP /
ACDME) oportuno e prévio conhecimento do mesmo. Inclusive nas cinco diferentes
versões que foram sendo elaboradas anteriormente à prova e que foram sendo
adaptadas de acordo com os horários previstos para as transmissões televisivas
internacionais. Não tendo o Promotor nacional (Talento) qualquer intervenção na
sua elaboração.
Intervenção que obviamente este teve, porque era
da sua inteira e exclusiva responsabilidade, em tudo quanto se referiu à
instalação de bancadas, promoção do evento, bilheteira da prova, preparação do
“Paddock”, acessibilidades, publicidade estática no circuito, zonas de
acolhimento e zona VIP, Catering, etc., o que desenvolveu juntamente com a
empresa municipal Porto Lazer e com a Câmara Municipal do Porto.
É óbvio que nem tudo correu sem falhas nem foi
absolutamente perfeito. Numa prova que se disputou apenas pela segunda vez, e
com um intervalo de dois anos entre si, ainda haverá muito para melhorar. E
certamente que no próximo fim de semana, com a realização da segunda edição do
Grande Prémio Histórico do Porto, a mesma equipa já mais rodada e com a
experiência obtida no passado fim de semana, irá certamente garantir mais um
espectáculo desportivo de elevada qualidade.
Na sequência das diversas reuniões havidas durante
a prova do passado fim-de-semana, de análise às diferentes situações
verificadas, a Câmara Municipal do Porto irá já disponibilizar outros
equipamentos de apoio que não lhe haviam sido antes solicitados.
Como seja o caso de varredoras/aspiradoras que
limpem totalmente as bermas laterais da pista (junto aos passeios e aos
“jerseys” delimitadores), onde após a passagem das varredoras utilizadas no
passado fim de semana, se acumulavam detritos de pneus, de asfalto e das
estruturas de betão adjacentes à pista, que sugadas para a pista pela passagem
dos carros de competição a alta velocidade, foram causa de grande parte dos
despistes verificados, devido à sujidade assim acumulada nas trajectórias
habituais.
Como se comprovou no ultimo dia de prova
(domingo), em que tendo havido o cuidado de remover manualmente e sempre que
possível, tais detritos das bermas, o número de despistes foi consideravelmente
inferior ao verificado nos dois dias anteriores.
Porque tal recomendação se aplica não só aos
pilotos nacionais, mas também aos internacionais, um qualquer circuito urbano
não tem a mínima semelhança com um autódromo.
Nestes há bermas largas e escapatórias suficientes
para que em caso de um qualquer exagero por parte dos pilotos, ou de qualquer eventual
toque entre viaturas, exista uma margem de segurança confortável para os
suprir. O que não acontece num circuito urbano.
Por outro lado, o pavimento de um autódromo, tem
normalmente muita borracha (dos pneus) acumulada, que permite cumprir as
trajectórias escolhidas com maior segurança.
Num circuito urbano, composto por diferentes tipos
de asfalto nas várias zonas que o integram e em que circulam diariamente
milhares de viaturas, provocando que a sujidade e a gordura se acumulam no
pavimento, é necessário conduzir com muito maior precaução.
Por isso, num circuito urbano, quaisquer exageros,
uma excessiva fogosidade, um menor cuidado de qualquer piloto, pagam-se normalmente
bastante caro. Como o comprovam as inúmeras viaturas seriamente danificadas,
sobretudo durante as sessões de treinos.
É que tal como jocosamente referiu um dos mais
destacados pilotos do WTCC no passado domingo, num circuito urbano, ou “temos a
cabeça no sítio ou deixamos as nossas impressões digitais nos muros que nos
rodeiam”.
Certamente que já neste fim de semana, com a
“máquina muito mais afinada” o Circuito da Boavista vai ser palco de corridas
emotivas e interessantes, para que os milhares de espectadores que aí vão
acorrer dêem por bem empregue o seu tempo e se tornem ainda mais adeptos do
desporto automóvel.
A “Sempre Mui Nobre, Leal e Invicta Cidade do
Porto” e a sua Câmara Municipal bem o merecem, pelo hercúleo e excelente
trabalho desenvolvido mais uma vez na montagem das estruturas do Circuito da
Boavista.
Possibilitando que em dois fins-de-semana
consecutivos, o Desporto Automóvel tivesse honras de permanente divulgação na
Comunicação Social nacional e internacional.
Comunicado 065/2007-FPAK
Lisboa, 12 de Julho de 2007